A advocacia empresarial está claramente revendo seus paradigmas. Seria relativamente simples, e porque não dizer parcialmente correto, afirmar que a globalização dos negócios é a grande responsável por essa mudança, mas essa é apenas parte da resposta.
Podemos começar com um exemplo simples: a demora do Estado na resolução dos litígios e a complexidade crescente dos negócios causaram uma sutil mudança na área contratual, que foi o aumento de contratos prevendo a arbitragem para solução de disputas, ao invés de se recorrer ao judiciário. Mas isso não é só. Na área da consultoria jurídica empresarial também encontramos avanços significativos.
Os advogados corporativos e os que atuam nas grandes bancas de advocacia estão constatando, na prática, que o mercado está exigindo que revejam a forma de enxergar o cliente e suas demandas. Ter foco no negócio e entender os interesses que permeiam a atuação do cliente, seja ele interno ou externo, tornou-se a chave para transformar o advogado empresarial em um viabilizador de negócios.
E essa é mais uma tendência. Ao invés de expor os obstáculos jurídicos, o viabilizador de negócios pesquisa alternativas e as elenca, com sua recomendação, para decisão dos gestores. Ao ser consultado sobre um projeto novo, esse advogado não aponta críticas, mas procura entender o real interesse dos executivos e, com base em sua visão de negócio e conhecimento dos valores da empresa, indica soluções criativas e aponta os riscos, valorando-os, para fundamentar as decisões dos gestores.
Outra mudança de um dos paradigmas mais tradicionais entre os escritórios de advocacia empresarial foi a adoção de modelos alternativos de cobrança de honorários. A necessidade de previsão anual de verba para o departamento jurídico das empresas fez com que as bancas tivessem que criar formas alternativas à tradicional cobrança por hora trabalhada, que sempre se mostrou ineficiente para o cliente.
Nessa esteira, a estipulação de formas alternativas de cobrança, atendendo à necessidade dos clientes de prever custos, é uma excelente maneira de fidelizar o cliente e construir relações de longo prazo.
E, por fim, aquela que talvez seja a tendência mais interessante de se observar, que é o retorno gradual ao trabalho jurídico tailored made, por quem conhece o negócio e pensa de forma estratégica, algo semelhante ao “médico da família”. Uma relação na qual o cliente é sempre atendido pelo sócio, cuja nome garante credibilidade à banca.
As mudanças na advocacia empresarial também são formas de sobreviver em um ambiente instável, já que ajudam os advogados a se tornarem mais produtivos e eficientes, o que garante competitividade no cenário global.
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